RESENHA | Uma Coisa Absolutamente Fantástica – Hank Green

em 26 de outubro de 2018

Livro: Uma Coisa Absolutamente Fantástica
Autor: Hank Green
Tradução: Lígia Azevedo
Editora: Seguinte
Páginas: 344
Enquanto volta para casa depois de trabalhar até de madrugada, a jovem April May esbarra numa escultura gigante. Impressionada com sua aparência — uma espécie de robô de três metros de altura —, April chama seu amigo Andy para gravar um vídeo sobre a aparição e postar no YouTube. No dia seguinte, a garota acorda e descobre que há esculturas idênticas em dezenas de cidades pelo mundo, sem que ninguém saiba como foram parar lá. Por ter sido o primeiro registro, o vídeo de April viraliza e ela se vê sob os holofotes da mídia mundial.
Agora, April terá de lidar com os impactos da fama em seus relacionamentos, em sua segurança, e em sua própria identidade. Tudo isso enquanto tenta descobrir o que são essas esculturas — e o que querem de nós.
Divertida e envolvente, essa história trata de temas muito relevantes nos dias atuais: como lidamos com o medo e o desconhecido e, principalmente, como as redes sociais estão mudando conceitos como fama, retórica e radicalização.
April é uma jovem que leva uma vida comum e até entediante, diga-se de passagem. Trabalhando em uma start-up, ela divide um apartamento com a amiga Maya, com quem tem também um relacionamento amoroso, porém, April não assume mesmo este relacionamento, já que sempre coloca empecilhos em todas as relações que tem. Esse é o cotidiano de April, até o dia em que ela encontra uma escultura de três metros de altura em Nova York.
Poderia ser só mais uma escultura, mas algo chama a atenção de April e então ela chama o amigo, Andy, para ajudá-la a gravar um vídeo, mostrando a escultura. Tudo normal até aí, porém no outro dia, quando acorda, April descobre que o vídeo viralizou, pois não existe só aquela escultura, são sessenta e quatro esculturas espalhadas pelo mundo, mas ninguém sabe quem fez ou quem as colocou lá. April foi a primeira pessoa a falar sobre esses robôs gigantes que ela logo chama de Carls e isto a torna a principal representante de tudo. No entanto, no início, ela leva tudo na brincadeira, até perceber que aquela fama trouxe algo que a fascina: poder. E uma vez com poder, ninguém que perdê-lo. Por isto, April passa a levar aquilo a sério, defendendo os Carls quando todos passam a vê-los como uma ameaça, como extraterrestres que podem ter vindo para a Terra só para observar, mas talvez também para dizimar a espécie humana.
Com essa probabilidade, a população se divide entre os que defendem e os que temem, fazendo cada um deles ter ações extremistas, lutando para que seu ideal esteja certo, entretanto, April com sua sede por poder, está no meio de tudo aquilo e além de sacrificar suas relações, ela pode estar colocando a própria vida em risco.
É tão maravilhoso você escolher um livro com altas expectativas e esta história não só alcançar suas expectativas, mas sim superá-las. Nem sempre acontece, mas este primeiro livro do Hank Green consegue fazer isso e só podemos dizer que Uma Coisa Absolutamente Fantástica é um livro absolutamente fantástico.
"Eu parecia presunçosa, mas ou as pessoas adoravam isso ou adoravam me odiar, e no jogo da atenção (que eu estava jogando mesmo que não soubesse), dava na mesma."
April é a protagonista que vale a pena chamar de protagonista, porque ela consegue dominar sua história, então mesmo que se tenha personagens coadjuvantes importantes, ela não perde lugar para ninguém, porque consegue prender o leitor por si mesma. April é uma protagonista muito boa porque ao mesmo tempo em que podemos amar, podemos odiar e isto é bom porque mostra que ela é humana. Sentimos raiva de algumas atitudes suas, mas ao mesmo tempo, entendemos o quão seduzida ela foi pela fama e pelo poder e o melhor, o leitor consegue sentir empatia pela protagonista, mesmo que ela não seja cem por cento boa, porque é isto que a torna igual a qualquer um. É uma protagonista que consegue levar o leitor por sua história, pois sentimos verdade nela, seja tendo atitudes boas ou ruins.
"Eis algo realmente idiota sobre o mundo: o segredo para parecer interessante é não se importar em parecer interessante. De modo que o momento em que você chega ao ápice do interesse também é o momento em que você não está nem aí."
Uma Coisa Absolutamente Fantástica nos traz muitos personagens coadjuvantes que tem muita relevância para a história, no entanto, falar deles entra em spoilers sobre o livro. A história é narrada em primeira pessoa, pela April, então tudo tem relação direta com ela e com a situação surgindo, então todos ganham muita importância na história, sem tirar o foco da protagonista.
"O poder só desempenha seu papel empoderador quando é percebido como um diferencial em relação aos demais e, sobretudo, em relação ao que se tinha antes. E não vou fingir que essa estranha confiança recém-adquirida combinada com essa estranha nova plataforma não era intoxicantes e viciante. Dizem que o poder corrompe, mas nunca mencionam como isso acontece rápido."
A história nos traz um assunto base para a história que são esses robôs que podem ser extraterrestres ou não, porém, algo que torna o livro tão bom é que o autor consegue trabalhar várias questões sem perder o rumo e sem se distanciar do assunto principal. Justamente por causa dessas esculturas que podem ser alienígenas, a história fala muito bem sobre fama e sobre a necessidade que temos por poder e a forma como ela nos corrompe, mas não pense que o autor fala sobre isso daquela forma boba que vemos em muitas histórias adolescentes, ele fala com verdade, tanto do lado de quem tem o poder, tanto do lado de quem apenas observa. Ele consegue mostrar a forma como a nova mídia dominou e sobre como a necessidade por poder suga a April, mesmo que ela não perceba no início, mas rapidamente, sua vida depende de todo aquele mundo onde o que conta são os números e a relevância está em saber que as pessoas estão falando sobre si.
"Mas não antecipei que, criando a marca April May, eu estava praticamente criando um novo eu. E só dá para fingir até certo ponto antes de se tornar quem se está fingindo ser."
Quando falamos que a April tem um relacionamento com a amiga Maya, pensamos que a protagonista é lésbica, porém, na verdade, April é bissexual. É o primeiro livro que leio que tem uma protagonista bissexual e o melhor é que um dos assuntos que vemos o autor trabalhar é a invisibilidade Bi, quando vamos a agente da April fazer ela escolher entre ser hétero ou homossexual para a mídia, porque ser Bissexual passa uma imagem de pessoa indecisa e tudo mais, mostrando mais uma vez que a nossa sociedade não enxergar os bissexuais.
"O medo é um combustível ainda melhor que a raiva. E ainda mais destrutivo."
Eu realmente amei este livro e faz tempo que não digo isto em uma resenha. Faz tempo que não leio um livro onde eu realmente só enxergue pontos positivos. Bom, mas por que Uma Coisa Absolutamente Fantástica? Primeiramente, pela escrita maravilhosa do Hank Green, capaz de deixar sua história ágil porque consegue lidar com uma situação base, mas ainda assim trazer todos os conflitos que envolvem a sua protagonista. Segundo porque é um livro que com a ficção, a gente consegue trazer para a nossa realidade e isto é sem dúvida algo extremamente incrível.
"Somos seres irracionais, fáceis de manipular quando se está disposto a qualquer coisa. É extremamente assim que os terroristas se convencem de que a morte das pessoas vale a pena. A ferida que deixou foi maior que o número de vidas perdidas; teríamos que conviver com ela para sempre."
Chegando ao fim deste livro, sentimos aquele medo: será que o final conseguirá fazer jus a toda esta história? Bom, quando fechamos este livro, a única coisa que pensamos é: Preciso do próximo livro. Porque sim, conseguiu fazer jus ao livro, conseguiu mostrar toda a realidade da situação, conseguiu mostrar as consequências de tudo aquilo, mas mais que isso: conseguiu levar o leitor ao seu ápice e isso é o que nós faz virar a noite tentando encontrar as respostas que só teremos no próximo livro. Novamente, é uma história absolutamente fantástica.
"A parte mais traiçoeira da fama para April não foi outras pessoas a desumanizarem: foi ela mesma se desumanizar. Ela passou a se ver não apenas como uma pessoa, mas como uma ferramente. E se aquela ferramente não fosse usada, afiada, refinada ou fortalecida a cada oportunidade, então ela estaria decepcionando o mundo inteiro."
ADQUIRA 

6 comentários:

  1. Oi, Gabi
    Recebi o livro da editora mas ainda estou decidindo se leio ou não. A sinopse não me chamou tanta atenção assim e eu já não sou muito fã do Green, meio que tenho receio de ler algo do irmão e me deparar com a narrativa parecida. Mas vou deixar o horizonte aberto, quem sabe mais pra frente.
    Beijo

    http://www.capitulotreze.com.br/

    ResponderExcluir
  2. Gente, fiquei curioso por esse livro.
    Bom final de semana!

    Jovem Jornalista
    Fanpage
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

    ResponderExcluir
  3. Oiii Gabi

    Ja vi criticas mistas sobre o livro e acho ótimo isso de ver várias opiniões. Fico super feliz em saber que vc amou tanto e que superou tuas expectativas que ja eram altas. Eu ainda não sei se seria um livor pra mim no momento, mas quem sabe futuramente.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

    ResponderExcluir
  4. A sinopse não me chamou muita atenção, apesar da sua resenha ser totalmente contrária ao sentimento que eu tive na premissa da história haha'

    Nanda, Gravado na Memória

    ResponderExcluir
  5. Oi Gabi tudo bem?
    Eu recebi esse livro, mas quem fará a leitura é resenha dele lá no blog será o Thiago nosso colunista. Não sabia que esse livro tinha continuação achei que era um livro único #chocada rsrs.
    Beijos

    Divagando Palavras
    www.divagandopalavras.com

    ResponderExcluir
  6. Nice post. 🙂
    Following you, follow back?
    Have a nice day!

    www.minniearts.com

    ResponderExcluir



Topo