Você sempre teve vontade de escrever? Quando foi que você sentiu que tinha histórias para compartilhar com os outros?
Primeiro, gostaria de agradecer pelo convite. É um grande prazer! E sim, sempre tive vontade. No início não era algo tão aparente ainda, pois comecei a contar histórias através de quadrinhos, já que me interessava por tudo relacionado a desenhos. As pessoas ao meu redor queriam que eu investisse mais em artes e eu acreditava que era o que eu queria também, mas depois percebi que o que gosto mesmo é de contar histórias. Só que fazer os quadrinhos dava muito trabalho, porque eu desenhava, depois tinha que pitar tudo, e eram histórias bem longas. Então um dia me dei conta de que só escrever dava menos trabalho.
Você, como escritora, é uma pessoa que lê muito? Qual o seu livro e seu(ua) autor(a) favorito?
Leio menos do que eu gostaria, mas quando pego um livro tenho que terminar de uma vez. Embora eu não seja do tipo que lê qualquer história que aparece em minha frente, nesse caso sou bem criteriosa. Bom, quanto aos autores favoritos, serei meio clichê para não ser injusta com os autores amigos meus, então direi Stephen King. E pode parecer estranho, mas não sei se tenho um livro favorito. Um que me marcou bastante foi O Cemitério de Stephen King, que li na adolescência.
Sabemos que você é formada em contabilidade, que é uma profissão bem diferente da de um escritor, então, por que se formar nesta área? Você ainda trabalha como contadora ou hoje se dedica totalmente a escrita?
Só escolhi esse curso porque na cidade que eu morava ou era isso ou magistério e eu não tenho absolutamente nenhuma habilidade para ensinar. Parte também foi pelo desafio, porque algumas pessoas de minha família (onde a parte feminina é quase toda de professoras) dizia que era um curso muito difícil só para me amedrontar, e eu queria provar que era capaz. Sou do tipo que se for desafiada só paro quando consigo alcançar o objetivo. Quase psicótica. Kkkkk Ah! E não cheguei a trabalhar um dia sequer na área.
"Ao aceitar esse amor entreguei-me a um destino impreciso, desarmei-me e fui só sentimento, arrisquei-me a não ser correspondida, tive esperanças em meio a tormentos, me dividi, privei-me de outros amores, sofri, angustiei-me, mesmo assim não gostaria de ter vivido sem a experiência de sentir isso por você..." – O TrioVocê é uma das raras escritoras que não segue um gênero literário em todos os livros. Você escreve ficção, romance, suspense e com isso aborda diversos temas em suas histórias. Como isso acontece? Você não tem dificuldade com nenhum gênero e com nenhum um tema que aborda em seus livros?
Na verdade, é porque não quero me prender em um gênero, apesar de ultimamente estar seguindo mais para o lado do suspense. E não, não sinto dificuldade, até gosto do desafio. O que acontece é que sempre quis trabalhar com romances, porém, não queria que fosse sempre aquela coisa água com açúcar. Crio uma situação e jogo o casal apaixonado lá, sem me importar com o tema abordado. Não se assuste se eu aparecer com um terror romântico. kkkkk
No seu primeiro livro publicado, O Trio, você consegue trazer ao leitor um narrador como protagonista que necessariamente não acaba sendo o protagonista em si, porque a história gira mais em volta de um personagem, no caso, Jordan. Isso foi proposital desde o início? Talvez para causar mais suspense?
Sim, foi proposital. Não gosto de colocar o protagonista como narrador, porque isso me traz algumas limitações. Prefiro colocar alguém lá dentro como se estivesse no lugar do leitor, alguém que esteja acompanhando a história e contando o que está vendo.
Acho que todos que leem O Que Me Disseram As Flores tem a vontade de perguntar: desde o início, você já sabia o final? Antes de publicar o livro, você pensou em mudá-lo?
Sim, desde que tive a ideia do livro o final foi aquele. Ele teve uma primeira versão, mas quando escrevi eu ainda era bem imatura, então um dia decidi reescrever tudo e mudei só a maneira como “aquilo” acontecia. Na última vez que peguei para uma nova revisão para tentar a publicação fiquei tentada a mudar, mas achei que acabaria com a mensagem que eu queria passar.
Um de seus mais recentes lançamentos, O Segredos dos Becker, é bem diferente do que você já tinha publicado. Como a história e todo o suspense surgiram para você? Você já sabia de cada detalhe da história quando começou a escrevê-la ou muita coisa foi surgindo durante a escrita?
Sempre tive um gosto por suspense, amo escrever cenas tensas. Como já tinha publicado dois livros mais leves queria experimentar algo mais denso. Não foi nada que me veio num sonho ou como um flash de inspiração. Passei uns dias amadurecendo a ideia. No início não tinha muita coisa definida como detalhes importantes como época ou país, mas mesmo um tanto “às cegas” comecei a escrever e as ideias foram surgindo e se encaixando. A primeira cena que me veio à mente foi a do gancho. Então meio que fui criando algo em torno disso, para chegar até essa cena. Até metade do livro um dos vilões, por exemplo, era do bem mesmo (que não posso dizer aqui quem é por ser um baita spoiler. kkkk), mas achei que ficaria mais interessante transformar o caráter daquela pessoa.
Como foi trabalhar com outros escritores na antologia, Psicopatas e Outros Contos, pela qual seu conto, A Quem Interessar Possa, foi publicado?
Bom, não tive contato com eles antes de escrever, foi algo bem individual para todos, eu acredito. Mas é interessante saber que outras pessoas estavam abordando o mesmo tema. Aliás, tenho um pouco de dificuldade de escrever contos, porque a quantidade de páginas é bem limitada e, geralmente, escrevo mais do que deveria, então depois tenho que voltar apagando um monte de coisas. Kkkk
Você tem ou teve alguma dificuldade com o mercado literário? Ainda é muito difícil para um escritor nacional conquistar os leitores brasileiros, que acabam consumindo mais a literatura estrangeira?
Sim, sempre existem as dificuldades, especialmente no quesito divulgação. É complicado chamar a atenção no meio de tantos escritores talentosos. E além disso tem a injusta concorrência com os estrangeiros. Existe uma divulgação maior pelas editoras para esse tipo de livro. Até entendo, porque o investimento foi alto, mas acho que se tivesse o mesmo empenho com os nacionais, o resultado final seria o mesmo. Ou seja, lucrariam também. É bem verdade que os leitores estão descobrindo a literatura nacional e nos dando oportunidade, mas muita gente ainda torce o nariz e não reclamam por ter que pagar 50,00 num livro estrangeiro, ao contrário do que acontece com os livros daqui do país. Claro que existem as exceções, não estou generalizando, e agradeço muito a eles por isso.
Você tem alguma novidade que possa nos contar? Um livro novo? Talvez a continuação de O Segredo dos Becker?
Posso sim. Comecei a escrever dois livros. Um deles é justamente a continuação de O Segredo dos Becker. O outro é um suspense também. Mas como me desliguei da Editora Arwen, o livro 2 de OSDB ainda é algo indefinido. Talvez exista a possibilidade de eu optar por um trabalho independente, vai depender do que minha agente achar melhor.
Se pudesse dizer algo a si mesma quando começou a escrever, o que diria?
Eu poderia até escolher dizer para não publicar por essa ou aquela editora, mas acho que tudo acontece do jeito que tem que acontecer. Muita coisa boa saiu dessas experiências, é como se para eu alcançar o objetivo que quero seja necessário passar pelos contratempos também. Tudo é aprendizado. Nada que vem fácil é tão valorizado, não é? Então, o que eu diria é: não desista.
Para encerrarmos, o que você espera da literatura no Brasil? E o que você deseja para o seu futuro como escritora?
Acho que como todo autor nacional, eu espero que nossa literatura seja mais valorizada. Tem muita gente boa, vão por mim. Não foquem nos trabalhos ruins para formarem uma opinião generalizada. E o que eu desejo é poder conseguir uma boa editora, que meus livros sejam conhecidos... Acho que é isso.
Obrigada pela oportunidade, espero que tenham gostado de saber um pouquinho mais sobre mim e meus trabalhos!
Beijos!!
Infelizmente esta entrevista chegou ao fim. Eu, sinceramente, adorei realizá-la porque a autora respondeu com entusiasmos e podemos ver isso nas respostas. Espero que assim como eu, vocês que também são fãs dela, tenham gostado de saber um pouquinho mais sobre esta escritora que nos surpreende tanto em seus livros. Para quem ainda não conhece o trabalho, temos resenhas dos livros dela aqui e por favor, conheçam cada livro dela porque é realmente fascinante.
Gostei de conhecer a autora e as capas dos livros dela são lindasss :O
ResponderExcluirBeijoss
Próxima Primavera
Oi! Não conhecia a autora. Achei super interessante ela ter começado com quadrinhos, pois é algo que eu amo muito e tenho muita vontade de trabalhar com isso. Também achei legal o fato de ela não se prender em gênero, isso é muito raro pois a maioria dos autores quer construir um público super específico. Adorei conhecer a autora. Vou por "O segredo dos Beckers" na minha lista.
ResponderExcluirBeijos!!
Nerd Fox
Oiii Gabi
ResponderExcluirQueria ler O Segredo dos Becker mas é um livro bem dificil de se encontrar ja que pra mim só da pra adquirir pela Amazon e por enquanto não esta disponivel por la. Achei a autora super simpática, desejo muito sucesso à ela, parece ser muito talentosa também. A entrevista ficou ótima.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Oieee!!!
ResponderExcluirNão conhecia a autora, mas adorei a resenha!
Há tantos autores maravilhosos no Brasil que ficam ofuscados pelos internacionais.
Amei a entrevista, super delícia!Já estou caçando os livros dela, para ler,...
Um super beijo
Livros em Contexto
Um super beijo
Livros em Contexto
Oi! Não conhecia a autora, mas acho o máximo ver entrevistas com escritores falando um pouco sobre seus livros e seu trabalho.
ResponderExcluirBeijo!
www.controversos.com
Oie
ResponderExcluirO único livro que eu li desta autora foi o O trio e eu adorei. Quero muito ler as outras obras.
Beijinhos
https://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/