Resenha | O Que Há De Estranho Em Mim – Gayle Forman

em 19 de março de 2017

Livro: O Que Há de Estranho em Mim
Autora: Gayle Forman
Editora: Arqueiro
Páginas: 224
Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.
Brit tinha uma vida e uma família ótima. Seus pais se amavam e a amavam, consequentemente, ela também os amava. Viviam em harmonia, mas de repente as brincadeiras, as manias de sua mãe acabaram se tornando algo mais grave e então eles descobrem que a mulher sofre de esquizofrenia. Amando muito a esposa, e não querendo interná-la contra sua vontade para fazer tratamento, eles vão levando a vida com a mulher escultando vozes, não sabendo onde está e assim por diante. Brit se lembra que seu pai dizia que não internaria a mãe porque ela tinha um espirito livre e não poderia cometer tal atrocidade com sua esposa, mesmo que fosse para realizar um tratamento.
Para piorar tudo, um dia sua mãe some. Ela vai embora e nunca mais volta e, agora a vida de Brit é só com seu pai. Ela o ama muito. Eles se amam muito. E eles conseguiriam seguir sozinhos sem a mãe e a mulher, seria doloroso, mas juntos conseguiriam. Entretanto, tudo piora ainda mais para a Brit quando seu pai começa um novo relacionamento com a Monstra – é assim que Brit a chama.
Sua madrasta, que seu pai insiste em falar que é sua nova mãe, não gosta de Brit e torna tudo que a adolescente faz em algo a mais, em algo errado. E mais uma vez piorando tudo ainda mais, o seu novo irmão, fruto do relacionamento do seu pai com a Monstra nasce e parece que a madrasta passa a implicar ainda mais com a filha do antigo casamento de seu marido.
Um dia, pensando que está indo para uma viagem chata de família com seu pai, que está cada vez mais acreditando nas asneiras da Monstra, Brit é levada para um internato. Uma clínica para a filha ter ajuda. Mas Brit não precisa de ajuda, ela não é louca, só é uma adolescente normal. Uma adolescente que tem uma banda, uma adolescente que de vez em quando tira uma nota vermelha, mas é normal. É uma adolescente que viu a mãe ir embora e nunca mais voltar. Ela passou por muita coisa, mas a Red Rock não tem a "cura" para seus problemas. Seu pai, que Brit acha ter sido induzido pela Monstra, a deixa lá, naquele lugar que se tornará o pior pesadelo de sua vida.
Red Rock, o reformatório que Brit foi obrigada a ficar, não ajuda ninguém em nada. Eles pegam adolescentes normais e transformam seus problemas em coisas maiores do que são só para ganhar mais e mais dinheiro. Colocando os alunos iniciantes em solitárias, fazendo-os andar quilômetros e quilômetros embaixo do sol, não dando uma alimentação saudável e usando tratamentos torturantes que podem ser chamado de tudo, menos de terapia, Brit é obrigada a se questionar: O que está fazendo ali? Por que seu amado pai a colocou naquele lugar horrendo? Red Rock nunca a ajudaria porque aquele ali era seu maior pesadelo.
Mesmo nos piores dias de sua vida, Brit começa a fazer amizades: V que está ali porque pensa mais na morte do que o normal, Martha que está acima do peso para os padrões, Bebe que gosta muito dos meninos e de fazer sexo com eles sendo considerada uma piranha e, Cassie que gosta mais de meninas do que deveria. Juntas, as cincos vão lutar para que os adultos entendam que elas existem, que precisam ter seu lugar no mundo e que não é um reformatório maluco que as colocará nos eixos, porque os "doidos" são eles, não elas.

Mesmo sendo o primeiro livro publicado da Gayle, esse é o sexto livro que leio da autora. Todos sabem do carinho e da admiração que eu tenho por ela e com isso, eu sempre fico ansiosa para ler algo escrito por ela e sim, eu sempre crio expectativas muito altas pelas histórias que os livros dela iram me trazer. Posso começar dizendo que mais uma vez Gayle Forman superou todas as minhas expectativas e ainda mais, O Que Há de Estranho em Mim me fez aprofundar em certos assuntos, questionar o quanto acontecimentos fortes pode nos transformar e, claro, me fez pensar e refletir muito sobre conceitos do que acham certo ou errado, do que é louco ou normal... Até quando os esteriótipos impostos pela sociedade interfiram nas vidas pessoas?
""Sempre dance conforme a sua própria música", era o que a mamãe costumava dizer para mim. E era assim que ela levava sua vida também. Portanto, eu não saí dos trilhos. Apenas escolhi trilhos diferentes."
O Que Há de Estranho em Mim é narrado em primeira pessoa pela personagem Brit, mas preciso dizer que para mim esse livro é um livro de cinco protagonistas. Cinco lindas adolescentes lutando pela liberdade. É claro que a história de Brit é bem mais contada, mas as outras também são fascinantes e suas histórias vão ganhando um espaço tão grande no decorrer da história. Brit é uma personagem que pode dizer que o seu destino lhe foi cruel. Sua vida era perfeita e um dia tudo desmorona.. Sendo uma adolescente, Brit ainda está em frase de amadurecimento e precisa entender que ela precisa tomar as rédeas da sua vida, do seu destino. Mesmo vivendo uma loucura, ao lado das amigas, o desenvolvimento de Brit é fascinante e seus sentimentos são maravilhosos. A escrita da Gayle consegue transmitir tudo com verdade e isso torna tudo magnífico.
"Quando estamos cercados de inimigos, não podemos nos dar o luxo de guardar rancor dos amigos."
Não posso dizer que é a minha preferida porque amo todas, mas V com certeza ocupa um espaço especial no meu coração. Gayle Forman trás a V como uma personagem com pouca coisa para contar, mas a cada capítulo ela vai deixando escapar, mostrando que V tem muito mais por trás e que sua história é muito maior do que foi contado até certo momento. Bebe, é a personagem que deixa a trama leve e é impossível não rir com sua sinceridade, que as vezes chega a ser cruel. Sendo filha de uma celebridade, Bebe é considerada piranha pela Red Rock só porque gosta de mais de estar com meninos e fazer sexo com eles, mas aos poucos ela vai mostrando que é muito mais que isso e que sofre com a ausência da mãe que mesmo negando, ela ama. Martha, é aquela personagem amorzinho que você sofre, sorri e quer abraçar. Já foi muita magra, mas acabou ficando acima do peso e isso na visão de seus pais era um problema grave e mandaram-a para o reformatório, mesmo que todas sofram muito naquele lugar, o sofrimento de Martha acaba sendo mais exposto e é impossível não amá-la. Cassie é homossexual e precisa de cura segundo seus pais e toda uma sociedade. Sendo uma personagem com a história mais forte, digamos assim, ela é outra personagem que queremos abraçá-la. Cassie não tem uma doença e não precisa de cura, ela precisa de carinho, amor e compreensão. Juntas, essas cincos vão realmente ajudando uma outra, consolando, aconselhando, rindo e tentando acabar com esse tortura que é a Red Rock.
"Portanto, não só eu não fazia a menor ideia de quando poderia voltar à minha vida normal, como também não sabia quem eu seria quando isso enfim acontecesse."
Com personagens tão bem desenvolvidos é natural que o desenrolar da história seja bem desenvolvido também. Mesmo trazendo um tema tão sério que são esses reformatórios comportamentais que são negligentes, Gayle Forman escreve de forma simples sem grande revelações e isso é ótimo, porque ela realmente consegue pegar o leitor de surpresa e deixá-lo de boca aberta em certas partes.
Outro ponto fantástico da escrita da Gayle é que ela, propositalmente, vai te deixando fragmentos de algo que possa vir a acontecer e isso deixa o leitor muito curioso e instigado pela leitura. Sem contar que ela surpreende muito nos surpreendendo com algumas revelações e alguns acontecimento. 
"Disparei pelo corredor, me perguntando em que momento papai tinha se tornado uma daquelas pessoas das quais eu precisava esconder meu verdadeiro eu."
Não tenho pontos negativos para O Que Há de Estranhos em Mim, só positivos, por isso, mais um ponto positivo é que a Gayle trouxe um romance, mas não focou nele. O Jeb, é um personagem que fiquei feliz pelas poucas aparições dele, acho que se a Gayle focasse demais no romance da Brit com ele não conseguiria desenvolver tão bem a personagem como conseguiu. Sem contar que o mais importante era a amizade das garotas, elas se fortaleciam para conseguirem sair daquele lugar e não precisavam literalmente de um romance na história para que fossem fortes.

Você está chegando no final do livro e, ao mesmo tempo que parece que aconteceu muita coisa, parece que não aconteceu nada. Eu juro que a Gayle conseguiu me fazer ficar ansiosa de uma forma que eu não ficava ultimamente no final de uma história. Quanto mais respostas você tem, mais perguntas se formam em sua mente e te dá aquele desespero de chegar no fim e suas personagens não conseguirem o que precisam conseguir. Gayle Forman te deixa em êxtase da primeira à última página desta história. 
"Os adultos tinham abandonado seu papel, buscando refúgio num casulo de ignorância para depois dizer que os filhos é que eram desajustados."
Como em seus outros livros, é nítido que Gayle estudou, pesquisou e tentou se aprofundar o máximo possível para escrever uma ficção que parecesse tão real e ela realmente conseguiu. O Que Há de Estranho trás a história de adolescentes tentando conquistar seus lugares no mundo, tentando conquistar a liberdade. Mostrando que merecem a confiança e o respeitos dos adultos, que seus problemas podem ser tratados com devida atenção e não como loucuras de jovens. Desenvolvendo essas adolescente, Gayle te leva ao mundo delas e você irá sorrir, ficar triste, com raiva, feliz e talvez até chorar, mas irá principalmente refletir sobre o que está acontecendo a sua volta. Será que o seu conceito do que é certo é realmente correto? Será que o que você considera loucura não é coisa mais normal do mundo? Talvez o louco seja você, não é? Pense, reflita, não julgue e nem aponte o dedo. Não tome atitudes que pode piorar tudo. Converse, ajude, não estrague tudo. Essa, pra mim, é a principal mensagem de O Que Há de Estranho em Mim.
"Enfim me dei conta de algo: o único jeito de encontrar uma resposta era parar de uma vez por todas de me perguntar."
Adquira

16 comentários:

  1. Olá,
    Meu primeiro contato com a autora não foi muito bom, mas vejo tantas pessoas elogiando essa obra que fico curiosa.
    Vou dar uma chance.
    Beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com.br/

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  2. Oi! Não sabia que esse livro tinha uma história tão forte. Fiquei curiosa para saber o final. Bjos ❤

    Click Literário

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  3. Oie!

    Amei a resenha!

    http://submundosliterarios.blogspot.com.br/

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  4. Esse foi o primeiro livro da Gayle que li e tive muita expectativa, mas infelizmente não foram alcançadas. Alguns aspectos da história pareceram inverossímeis pra mim, mas achei interessante o assunto abordado.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Sorteio Literário de Carnaval
    Sorteio Três Anos de Historiar

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  5. Oie
    Eu já li ete livro, eu gostei muito do enredo. Esta autora escreve muito bem e nos prende.

    Beijinhos
    diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br

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  6. Uau! Amei a resenha!! O livro parece ser muito bom, já me conquistou!
    JP

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  7. Olá,
    Eu já li quatro livros da autora e gostei de todos que li. Esse eu ainda não li, mas me interessei bastante. Quanta história para apenas um livro. Achei que era só a história dela, mas os outros personagens também encantam. Assim que der eu vou ler ele. Parabéns pela resenha.

    Prefácio

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  8. Oie tudo bem?

    Não li esse livro, mas já ouvi falar tanto dele que tenho vontade de ler... sua resenha me deixou com mais vontade ainda.

    Adorei o blog, vou seguir =D
    Beijos, jeh
    http://colecionadoresdelivross.blogspot.com.br/

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  9. Nunca li nada da Gayle, mas adoro esses livros não só nos contam uma história, mas que nos fazem refletir, e nos acrescentam algo. E esse livro parece ser assim, além de muito intenso.
    Bjs
    Amanda Nery
    www.leituraentreamigas.com.br

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  10. Oieeee! Muito bom quando a gente percebe que os autores estudaram bem pra desenvolver o enredo. Eu nunca li nada da autora, mas pretendo começar por este, a trama parece ser densa e muito boa!

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

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  11. Oi oi querida,
    Adorei a resenha. O livro provavelmente vai ser o meu primeiro da autora :)
    Ainda não li nenhum livro dela, mas vou mudar isso esse ano. Adorei as fotos e os quotes e pretendo ler esse livro em breve.

    Beijos, Enjoy Books

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  12. Seu sexto livro lido da autora? nossa! Eu nunca li nada dela. Esse livro nunca me chamou muito a atenção. Ainda não sei se faz meu estilo. Mas adorei sua resenha :)

    www.vivendosentimentos.com.br

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  13. Que resenha excelente caramba você conseguiu descrever esse livro de uma forma impressioante, eu já li um livro dessa autora mas agora quero muito ler esse
    Bjs

    http://vestigioliterario.blogspot.com.br/

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  14. Que livro incrível. Sabe, trabalho em escola e vejo adolescentes quase iguais as do livro: pais não entendem os filhos e dizem que os filhos são cheios de problemas.

    Bjinhos,
    ❥ AmigaDelicada.com.br

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  15. Oi, tudo bem?
    Não conhecia esse livro, mas adorei sua resenha! É no estilo que gosto! Adorei saber que é bom e não tem coisa melhor do que essa ansiedade causada!
    Beijos
    www.somosvisiveiseinfinitos.com.br

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  16. Olá, não conhecia esse livro que história é essa ainda não li nada com essa premissa, com certeza vai para minha lista.

    www.mundofantasticodoslivros.blogspot.com

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